Severiano Mário Porto O “Arquiteto da Amazônia” Comemora mais um aniversário
19 de fevereiro de 2016 |
Foi responsável por conceber um modelo único de arquitetura amazônica e sustentável, que une técnicas desenvolvidas por ribeirinhos e caboclos com as mais modernas e inovadoras criações da arquitetura.
Nasceu no dia 19 de fevereiro de 1930 e desde então revolucionou a nossa arquitetura regional com a utilização de materiais extraídos da floresta como a madeira e a palha itens mais utilizados por ele.
Principais obras no Amazonas
1965 – Estádio Vivaldo Lima, Manaus (demolido)
1967 – Restaurante Chapéu de Palha (demolido)
1969 – Edifícios como a sede da Petrobrás
1971 – Sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus Suframa, Manaus
1971 – Residência do Arquiteto, Manaus
1973 – Campus da Universidade da Amazônia (UFAM)
1978 – Residência Robert Schuster, Tarumã, Manaus
1983 – Centro de Proteção Ambiental de Balbina, Presidente Figueiredo
1979 – Pousada dos Guanavenas, Ilha de Silves
1992 – Parque Urbanização de Ponta Negra, Manaus
1994 – Sede da Aldeia Infantil SOS (ONG vinculada à Unesco)
Sede do Fórum de Justiça Henoch Reis
Patrimônio Imaterial do Amazonas:
– Homenagem ao Arquiteto Severiano Mário Porto
Quem nunca se encantou pelas obras e projetos arquitetônicos do Arquiteto e Urbanista Severiano Mário Porto que deixou um vasto legado de obras projetadas por ele para o estado do Amazonas. Um projeto de autoria do Deputado Estadual Bosco Saraiva (PSDB) em parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Amazonas – CAU/AM, que foi o idealizador e fez o levantamento das obras, prevê o tombamento a nível estadual das obras de Severiano Mario Porto, tornando-se patrimônio imaterial do estado. O projeto aguarda sanção do governador José Melo (PROS).
Vivaldo Lima de Severiano Mário Porto
Um prejuízo histórico sua demolição
O desenho do Vivaldão conseguia ser ao mesmo tempo marcante e delicado. Severiano Porto, autor do projeto, aproveitou uma cratera que existia no local – consequência da retirada de terra para aterros – e assentou o prédio no chão com suavidade, razão pela qual tinha pouco impacto externo. O Vivaldão evitava um dos grandes pecados de estádios com má arquitetura: suas arquibancadas não davam as costas para a cidade. Eram encaixadas na topografia, como o Pacaembu. Tratava-se de uma presença tão discreta quanto elegante. O desenho gracioso da meia cobertura que protegia um dos hemisférios do estádio lembrava uma lua crescente.
Porto redigiu um caderno de encargos tão completo que incluía até a parte jurídica. Foi adotado oficialmente nas construções governamentais. Tornou-se uma espécie de arquiteto oficial do governo – o Niemeyer da selva, por assim dizer – o que fez com que se mudasse para Manaus. “Construímos nossa casa sobre palafitas no meio de um igarapé”, conta Gilda Porto, mulher do arquiteto.
O estádio foi um dos primeiros trabalhos a ser levado adiante. Nele já se podia identificar as qualidades de Porto, um desconhecido do grande público que muitos críticos incluem na lista dos mais importantes arquitetos brasileiros do século XX. Ele encarava cada projeto de maneira particular, sem fórmulas preestabelecidas. Soube aproveitar as características dos materiais locais e desenhava para o clima da região: é um precursor da arquitetura sustentável. Também se apropriou de elementos regionais, como atestam os grafismos originais que adornavam o Vivaldão, a lembrar criações indígenas.
Sede da Suframa de Severiano Mário Porto
O impacto que o trabalho de Severiano Porto (1930) exerce na arquitetura manauara fez com que o arquiteto fosse convidado a participar de diversas obras estatais. O projeto para a sede da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) é uma dessas obras, revelando-se um admirável exemplo de como o arquiteto integra bioclimatismo, expressividade tectônica e racionalidade construtiva. Já reconhecido no início dos anos de 1970 pelas investigações acerca do vernáculo e pelas obras regionalistas (o arquiteto chega a Manaus em 1965 e, desde então, desenvolve projetos que dialogam com a cultura, clima e paisagem locais), é a primeira vez que faz amplo uso do concreto armado, explorando os atributos técnicos do material e da expressividade estética de seu aspecto bruto.
Cúpulas piramidais ocas de base quadrada (15 m x 15 m) dão o tom do projeto. São fabricadas em concreto armado e todas possuem um domo na parte superior. O agrupamento das cúpulas forma uma única cobertura, desempenhando a função de proteção contra as intempéries e livre circulação dos ventos, pois o edifício é aberto nas laterais (o projeto original previa quebra-sóis móveis, de cor azul, para o fechamento).
Centro de Proteção Ambiental de Balbina-AM
Construído em 1984, o edifício abrigou a equipe técnica responsável por minimizar os impactos ambientais causados pela construção da barragem, e foi projetado por Severiano Mário Porto, um dos grandes arquitetos brasileiros. Formado na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil, atual UFRJ, em 1954, Porto mudou-se em 1965 para Manaus, onde projetou diversos edifícios como a sede da Suframa e a Universidade do Amazonas.
O Centro de Proteção Ambiental de Balbina possui uma excepcional cobertura em madeira, cujo detalhamento demonstra o domínio que Mario Porto possui desta técnica construtiva. O volume do edifício é marcado pela presença desta cobertura voluptuosa. Sua estrutura é composta por pilares de secção circular, apoiados sobre fundações de concreto que por sua vez, sustentam um elaboradíssimo conjunto de treliças de madeira com as mais variadas soluções de apoio e distribuição de cargas. Apoiado nas treliças o telhado, cuja de solução foi tomada das construções vernaculares amazônicas. Ao invés das convencionais telhas cerâmicas, Porto projetou telhas feitas de madeira. Sob este telhado os diverso ambientes do conjunto se distribuem, e suas paredes, feitas de alvenaria convencional, não tocam no teto. Esta solução, aliada ao formato cônico da coberturas, facilita a saída do ar quente por convexão, através de lanternins no alto da estrutura.
O conjunto de Balbina é uma das grandes obras da arquitetura brasileira do final do século XX. Sua atualidade está na capacidade se oferecer espaços integrados ao lugar e seus contextos social, econômico, cultural e ambiental. A Amazônia possui características peculiares que são exploradas e qualificadas pela arquitetura de Severiano.
FONTE: CAU/AM / FAU – UFRJ