“Muito se tem falado em cidades inteligentes, mas como que você vai ter uma cidade inteligente se você não consegue resolver problemas crônicos de uma cidade? Não existe isso, infelizmente. Lógico, isso existe em cidades que já conseguiram evoluir e transpor essa etapa, mas não é o caso de Manaus”, alertou.
A carta apresenta três grandes fundamentos, sendo, a governança metropolitana; planejamento urbano e o monitoramento de metas. “Essa é uma carta de intenções, é um olhar nosso do que está acontecendo, como dá para resolver, e em que prazos, porque tudo tem que ser fixado. O que tem que ser entendido, não só pelos prefeituráveis, mas por todos os gestores, é que a problemática urbana só vai ser resolvida quando existir planejamento”, afirmou.
Entre os principais problemas de Manaus, o coordenador do Conselho destacou a mobilidade urbana, habitação e saneamento. “Só tem um detalhe: isso não se resolve em quatro anos. Isso são projetos e planos a médio e longo prazo. Nenhuma intervenção urbana que tem tido sucesso foi feito em curto prazo”, disse.
Dos nove candidatos a prefeitura, cinco compareceram ao evento: Serafim Correa (PSB); Luiz Castro (Rede); José Ricardo (PT) e o vice, Yan Evanovick (PCdoB); o vice de Silas Câmara (PRB), Coronel Amadeu (PSC); e o coordenador geral da campanha do candidato a reeleição, Artur Neto (PSDB), Pedro Paulo Cordeiro.
Os candidatos Henrique Oliveira (SD), Hissa Abrahão (PDT), Marcelo Ramos (PR) e Professor Queiroz (PSOL) não compareceram ao evento.
“Quando falamos em arquitetura, falamos em qualidade de vida. O Artur (Neto) já em seu primeiro mandato, em 1988, manifestou preocupação com políticas de meio ambiente, saneamento básico. E continua assim, com a mesma preocupação”, falou o represente de Artur.
Lana Jubé / Coordenadora Nacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR)
“A “Carta Aberta aos Candidatos a Prefeitos e Vereadores”é um entendimento do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), que reúne cerca de 140 mil arquitetos e urbanistas, e mostra como nós estamos pensando e discutindo as cidades brasileiras, desde as metrópoles aos pequenos municípios. E para isso precisamos levar em consideração três aspectos: Uma cidade é uma construção social, em todos os momentos; E qualquer projeto tem que ter base econômica. As decisões não podem ser tomadas sem isso, caso contrário corre o risco de não passar do papel; A base territorial. A base ambiental tem que ser capaz de suportar o projeto, porque toda construção tem impacto no meio ambiente”, disse a coordenadora nacional da Comissão de Políticas Públicas e Políticas Urbanas e Ambientais do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU).
Boxe
Candidato a prefeitura pelo PT, José Ricardo, afirmou que Manaus é um exemplo de tudo que não deveria ter sido feito no campo da arquitetura e urbanismo.
“Além disso, temos que ter clareza no uso dos recursos, transparência, que é um problema sério da atual gestão. Mas nós queremos dialogar, queremos ouvir as entidades de classe, entre elas, claro, os arquitetos. Manaus não tem saneamento, não tem política de habitação, a mobilidade é um caso e os arquitetos tem muito a falar”, analisou.
O deputado Luiz Castro (Rede) destacou que Manaus é a cidade brasileira com as piores calçadas. “Quando você não permite a acessibilidade, o direito de ir e vir, você nega a própria história da cidade, que sempre foi um espaço de liberdade. E o governo municipal tem que ver mais o bem comum, tem que se voltar mais para o coletivo, e não para o individual, disse Luiz.
O candidato Serafim Correa (PSB) sustentou que “Manaus precisa sair da linha de pensamento provinciana de que “Ah, o projeto não é meu, não vou fazer””. “Da década de 80 para cá nós perdemos a linha de planejamento. Os projetos não tiveram continuidade. Foi um erro”.
Pontos – Pacto pela Qualidade da Cidade:
– Priorizar o pedestre, criando condições para que as pessoas utilizem as ruas e se sintam seguras;
– Tornar nossas cidades socialmente inclusivas, oferecendo mais oportunidades de interação social e de crescimento pessoal e coletivo, e promovendo espaços para todos os segmentos e faixas etárias, eliminando formas de segregação e exclusão física ou espacial;
– Priorizar empreendimentos habitacionais para população de baixa renda;
– Adotar o modelo de cidade ambiental e socialmente sustentável, incentivando a arborização urbana, estimulando a eficiência energética, o baixo consumo de carbono, a crescente substituição por fontes de energia renováveis e a reutilização dos resíduos;
– Promover a preservação da memória paisagística, urbanística e arquitetônica da cidade;
– Associar mobilidade e território, gerando uma rede de transporte público articulada, de forma a gerar mais densidade, mas com qualidade e diversidade de usos;
– Devem considerar a confecção de editais consistentes como base essencial para a realização de licitações de obras públicas a serem implementadas obrigatoriamente apenas após a elaboração prévia de projetos completos de Arquitetura e Urbanismo;
– Adotar o critério da melhor técnica no julgamento de licitações para projetos de Arquitetura e Urbanismo para obras públicas;
– Disponibilizar informações com total transparência e utilizar intensamente boas práticas de comunicação social;
– Investimentos em bancos de dados espacializados que possibilitem informação em tempo real;